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Como espírita que sou, em defesa da vida, dos empregos, e da nossa democracia.

"Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca". Apocalipse 3:15,16


Omissão ou destino.


A crise política no Brasil tem sido grande catalisador de todo tipo de polêmica na sociedade e isso tem causado inclusive comunicações espirituais de guias de renomadas casas espíritas nos convocando à calma e ao pensamento cristão antes de tudo. Afinal, como o espírita deve encarar a situação complicada que se encontra no Brasil?


Somos a pátria do evangelho como diz Humberto de Campos no livro de mesmo nome? A pátria onde Jesus depositou toda sua esperança em uma renovação de ideais cristãos para o mundo? Devido a isso temos sido berço de almas extremamente necessitadas de um novo começo desde os tempos mais remotos da colonização. Espíritos infelizes se misturam a espíritos missionários em busca de renovação espiritual em solo novo e fértil da pátria do cruzeiro do sul.


Por meio de inescrupulosos, a nação sofre seus abalos que ao longo do tempo culminam no atual panorama que vivemos. Diante disso, percebemos como espíritas, mais do que nunca a necessidade de equilíbrio na tomada de decisões, no diálogo e no debate saudável, de ideias para o futuro de nosso país.


O espírita repudia atos de violência, pois ele mesmo busca não mais comete-los e os próprios espíritos nos recomendam a ação pautada no respeito e no equilíbrio, sempre porém, vislumbrando a caridade como escopo do espírita. Através da caridade sabemos que o mundo se reerguerá diante da confusão natural de um momento decisivo onde estamos testemunhando em favor da nossa fé.


A evolução da crise social, econômica e política, fortemente agravada nos últimos meses pela pandemia do corona vírus, deixa evidente a incapacidade do governo para garantir a saúde da população, salvar vidas, preservar os empregos e a renda.


O governo já vinha aprofundando o programa neoliberal imposto ao país desde 2016; desmontando o estado e as políticas de inclusão e proteção social, como o SUS, retirando direitos dos trabalhadores, tornando a economia do país mais vulnerável e privilegiando os ricos em prejuízo da imensa maioria.


Diante do agravamento da crise sanitária, o governo federal se mostra incapaz e inepto frente ao caos social que se avoluma. Indiferente ao desespero da população frente à crise, pela qual este desgoverno é o maior responsável, que pela sua ineficiência e falta de ações viáveis acelera o desastre social e humanitário entre os mais necessitados.

Mais de dois meses depois da emergência sanitária declarada pela OMS, o Ministério da Saúde ainda se recusa a fazer os testes em massa imprescindíveis para orientar e planejar o combate ao vírus, não preparou o SUS com novos leitos, pessoal e equipamentos; não se articulou com a rede particular nem com os sistemas estaduais e municipais. Este governo se recusa a aprender com as experiências de enfrentamento da pandemia em outros países.


O apoio aos estados e municípios, solenemente prometido há 45 dias, deu lugar a um plano de asfixia financeira dos entes federados que estão na linha de frente do combate ao vírus. O Ministério da Saúde não entregou o que prometeu e o Ministério da Economia não apenas nega como tenta barrar no Congresso o socorro financeiro necessário para que governadores e prefeitos enfrentem brutal queda de receita.

É uma asfixia programada para provocar a paralisação dos serviços de saúde, assistência social, segurança pública, educação nos estados e municípios, em prazo brevíssimo, e jogar a culpa do colapso nos governadores e prefeitos.


Os bancos se beneficiam de um pacote de R$ 1,2 trilhão, mas não há crédito de emergência para as empresas e micro empresas, nem mesmo pelos bancos públicos. O governo diz que defende os microempreendedores, as pequenos e médias empresas, mas suas ações levam à destruição dessa força econômica, ao contrário de todos os países que estão financiando diretamente estes setores diretamente afetados pela crise.


Ao invés de garantir empregos, o governo estimula demissões, suspensão de contratos e confisco de salários, aproveitando a situação para tirar ainda mais direitos dos trabalhadores. E cria todo tipo de dificuldade para pagar a renda de R$ 600 que o Congresso aprovou com os partidos de oposição.


Ações e omissões são articuladas de forma a aumentar o sofrimento do povo. A sabotagem deste governo às medidas sanitárias e econômicas contra a crise são evidentes para passarem desapercebidas ou para muitos fingirem não ver o que está acontecendo.


O momento pede nos situarmos e termos lucidez do que acontece nesta página nefasta e triste da História do Brasil. O momento é de defesa da vida, dos empregos e da democracia. Se não, por nossa falta de ação, comodismo, indiferença, e desprezo pelo sofrimento alheio, chamaremos nossa covardia e omissão de "destino".


O filósofo Peter Singer, no seu estudo sobre a fome, riqueza e moralidade, estabelece o seguinte princípio: “se está em nosso poder evitar que aconteça algo de mau, sem com isso sacrificar nada que tenha importância moral comparável, nós devemos, moralmente, fazê-lo”. Ele parte do pressuposto ético de que o sofrimento e a morte como consequência da falta de comida, de abrigo e de atendimento médico são maus.

Portanto, se está a nosso alcance evitar a fome, providenciar o atendimento médico básico e dar o abrigo aos necessitados, é o nosso dever moral fazê-lo. Isso implica uma mudança no nosso estilo de vida. Implica numa mudança interior sobre os valores mais importantes da vida. Se avaliarmos, com maior detalhe, nosso comportamento e nossos hábitos de consumo, podemos chegar à conclusão de que muitas das coisas que compramos e que fazemos são supérfluas e que poderíamos usar esses recursos para evitar a fome e a pobreza. Essa atitude seria a moralmente correta, acorde com as leis divinas.


Para enfrentar os grandes problemas sociais devemos procurar o conhecimento no pensamento social espírita. “O espiritismo além de ser uma ciência experimental e filosófica, é uma ideologia social”. Os princípios da doutrina espírita nos levam à convicção que devemos colocar em ações, que devemos materializar em atos e fatos os conhecimentos espirituais para o bem-estar da sociedade e a implantação da justiça social em nosso planeta.


Avante espíritas! não desanimem diante de quadro tão perverso que se desenha. Sejamos a luz da sensatez humana a iluminar o caminho de desmandos e de ilusões. A caridade como nossa bandeira nos guiará a um futuro melhor. Sejamos participativos do processo democrático do Brasil, sem contudo nos contaminarmos da fraqueza e invigilância tão comum em nos seres humanos. Busquemos sempre atenção para com o próximo e ante a dúvida mais sombria, pensem em como Jesus procederia e ali terás sua resposta.


A democracia se faz com a participação de todos e o espiritismo encoraja-nos a auxiliar sempre com presteza, a educar sempre com clareza e acima de tudo, a tratar com amor a todos que povoam nosso entorno, só não nos ensina a sermos omissos e conviventes.

Izaias Lobo Lannes.



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