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Servidores da ilusão, falta de bom senso ou somos “donos da verdade”?

Infelizmente, os Centros Espíritas estão repletos de modismos e práticas vazias de sentido, oriundos da falta de conhecimento das recomendações básicas do Espiritismo. Muitas Instituições Espíritas mantêm práticas e/ou discussões estéreis em torno de temas como: crianças índigo; Chico é ou não é Kardec, ubaldismos, roustainguismos, ramatizismos, apometrias, cromoterapias, cristal terapias, e tantos outras terapias alternativas e práticas estranhas introduzidas no corpo doutrinário.

Há pessoas que confiam, cegamente, nos efeitos das pomadas elevadas ao nível de "cura tudo", como se essa prática lhes fosse resolver todas os problemas de saúde, transformando essas pomadas como unguentos milagrosos, placebos “bentos”. Outros, pela apometria, creem revolucionar o universo da "cura espiritual", mas, a bem da verdade, a cura das obsessões não se consegue por um simples toque de magia apométrica, como fazem os ilusionistas com uma varinha de condão. Desobsessão não ocorre de um momento para outro, pois, quase sempre, é um tratamento que depende de um longo prazo. Portanto, não tão rápida como sói acreditar alguns incautos apometristas de plantão.

O legítimo Centro Espírita não promete cura para quem o procura. A Doutrina Espírita afirma que a “cura” de uma influência espiritual (obsessão) ou doença física depende de uma série de fatores, entre os quais a modificação moral do enfermo, sua necessidade de disciplina mental, seus problemas relacionados com encarnações anteriores e, sobretudo, se há ou não a concessão divina para a solução da dificuldade. O sofrimento é, sempre, as consequências de atos recentes ou passados que contrariam (contrariaram) as Leis de Deus. É o período necessário para que o Espírito, encarnado ou desencarnado, reflita sobre sua natureza íntima e decida por onde e quando reparar as faltas cometidas, pois Nosso Pai respeita a nossa singularidade.

Já o sofrimento compulsório é uma imposição das divinas leis, quando o Espírito, deliberadamente, persiste no erro ou insiste no mal, e Deus é o Único que sabe como agir, para o bem do filho rebelde.

O Centro Espírita é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, seja através da evangelização, palestras publicas doutrinárias e consoladoras, orações, irradiações, tratamentos espirituais através dos passes, pelas orientações morais e ajuda material, a Casa Espírita oferecendo os benefícios do passe que deve ser visto como método coadjuvante no tratamento, é tradicionalmente eficaz para transmitir fluidos magnéticos e espirituais, pelos benfeitores espirituais/passistas sobre aqueles que se encontram - moral e fisicamente - descompensados, fortalecendo-lhes o corpo físico e o tecido espiritual, ou seja, o perispírito.

É evidente que o passe não deverá ser aplicado com movimentos bruscos, nem necessita de cursos para aprendizados de variadíssimas técnicas, utilização de objetos, de estalos de dedos, cânticos estranhos, toque direto no corpo do paciente, e, muito menos ainda, que o passista esteja mediunizado e, psicofonicamente, verbalizando “aconselhamentos” para o receptor. Isso não é prática recomendável pelos Orientadores Espirituais.


Há confrades que insistem em usar trajes especiais no Centro. Cabe alertá-los de que o Espiritismo não adota paramentos especiais para exercê-lo e o que dignifica o trabalhador espírita é a pureza de intenções, além de estudo e qualificação doutrinaria. Doutrina Espírita não adota enfeites, amuletos, colares, roupas brancas (“significando o bem”). Os trabalhadores cônscios da realidade Espírita usam roupas normais, de forma simples, até porque, a discrição deve fazer parte dos que trabalham junto a Espíritos esclarecidos.

Há pessoas que trabalham na mediunidade que se ajoelham diante de imagens sagradas e de determinadas pessoas; mantêm-se genuflexos e beijam a mão dos responsáveis pela Casa Espírita, como forma de reverenciá-los; benzem-se; fazem sinais cabalísticos; e outros, por incrível que pareça, proferem palavras esquisitas (mantras) para evocar os Espíritos, nos dando uma medida de onde leva a falta de estudo, bom senso e qualificação espirita.

Casa Espírita bem estruturada na codificação doutrinária, não usa imagens de santos ou personalidades do movimento espírita; amuletos de sorte; fetiches, pandantifs, que afastam maus Espíritos e ou atraem os bons; incensos, preces cantadas, velas e outros quejandos alienantes e dispensáveis. Como se não bastasse, há, ainda, palestrantes que promovem, das tribunas, verdadeiros shows da própria imagem, mise-en-scène, essa, protagonizada pelos ilustres oradores, que não abrem mão da imposição do “Dr.” antes do nome, vários oradores divulgando um espiritismo deformado e longe da tese doutrinaria dos Imortais, fazendo da tribuna palco de piadas e anedotas, num exibicionismo triste, quão inconsequente.

Há Instituições Espíritas que cobram taxas para o ingresso nos congressos, simpósios, seminários, tendo, como meta, o fomento de querelas doutrinárias.

A questão é: como evitar esses disparates? Como agir, com tolerância cristã, ante os Centros mal orientados, com dirigentes sem conhecimento espírita, com médiuns despreparados, outros obsidiados, com oradores “showman”? Enfim, como agir, diante dos espíritas cegos, que querem guiar outros cegos? Para os líderes “mornos bonzinhos”, é interessante a prática do "lavo as mãos", do "deixa fazer", "deixa ficar", "deixa passar".

Porém, os Benfeitores espirituais dizem o contrário e nos advertem que cabe, a nós, a obrigação intransferível de preservar os ensinamentos de Allan Kardec e dos Imortais conforme é advertido por Erasto e o Espirito da verdade no capitulo 20 “Os trabalhadores da última hora”, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, e seja também, pelo exemplo diário do amor fraterno, seja pela coragem do debate elevado e esclarecedor.

A Casa Espírita que se orienta pelos ensinamentos dos Espíritos superiores não realiza práticas bizarras, pois elas nada têm a ver com a Doutrina codificada por Allan Kardec. O Espiritismo ensina, a moralização do indivíduo, representa uma nova era para a humanidade com seus ensinamentos de abrangência cósmica, o Projeto Espírita é desprovido de aparatos exteriores. Suas propostas terapêuticas, como as de Jesus, fundamentam-se na instrução e vivência moral, por estudos sérios e bem fundamentados na base doutrinaria, pelos pensamentos elevados e respeitosos, atitudes coerentes com o aprendizado trazido a nós pelos Imortais, práticas que sejam libertadoras e não alienantes.


Os Centros que praticam as terapias alternativas, rituais, têm liberdade para fazê-lo, evidentemente, porém, não deveriam nominar-se "Espíritas", mas “espiritualistas”. O bom senso alerta para que os seus estatutos sejam seguidos, quando a proposta neles descritas primam por seguir a codificação kardeciana, mas seus dirigentes não seguem. Até porque, é por causa das Casas Espíritas mal dirigidas que existe uma confusão muito grande a respeito do que seja Doutrina Espírita ou Espiritismo, sua pratica e finalidade.

Se dirigentes e trabalhadores espiritas insistem nas práticas inócuas, com certeza, não estão bem informados sobre o que seja Espiritismo codificado por Allan Kardec. Os Códigos Evangélicos nos impõem a obrigatória fraternidade para com os adeptos equivocados, o que não equivale dizer que devamos nos omitir quanto à oportuna e fraterna admoestação, para que a Casa Espírita não se transforme em academia dos distúrbios psíquicos sem solução e ou, pátio dos “milagres” impossíveis.

Izaias Lobo Lannes. 04/10/2020.






Foto: Ava Sol - unsplash.com

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